sábado, 22 de maio de 2010

TEXTOS e POEMAS INFANTIS

MEUS LÁPIS DE COR SÃO SÓ MEUS

A Lulu estava muito contente naquele dia.
É que era o dia do aniversário dela.
Quando ela chegou da escola já encontrou a mamãe preparando a festa.
O bolo já estava pronto, os brigadeiros, as balas e os pirulitos.
O papai estava enchendo as bolas e a tia Mari estava botando a mesa na sala.
Todos almoçaram na cozinha para não atrapalhar as arrumações.
Então Lulu tomou banho e vestiu sua roupa nova, que a mamãe tinha comprado para ela. E se arrumou toda e a mamãe botou nela um pouquinho de água de colônia.
O primeiro convidado que chegou foi o priminho da Lulu, o Miguel.
Depois chegou a Taís, o Arthur e o Caiã e todos os colegas do colégio.
E ficaram todos brincando no jardim.
Aí todos entraram para abrir os presentes.
Depois foram soprar as velinhas e cantar parabéns.
Lulu gostou de todos os presentes, mas o que ela mais gostou foi da caixa grande de lápis de cor que se abria feito uma sanfona e que tinha todas, mas todas as cores, mesmo.
Depois que todos foram embora a Lulu foi dormir e ela até botou a caixa de lápis de cor do lado da caminha dela.
Então, logo de manhã, a Lulu já se sentou na mesa da sala, pegou o bloco grande de desenho e começou a fazer um desenho bem bonito, com seus novos lápis. Aí chegou o Miguel, que veio passar o dia com ela.
Ele se sentou junto da Lulu e disse que também queria desenhar.
Mas Lulu não quis nem por nada emprestar os lápis a ele.
- Os meus lápis de cor são só meus! – ela disse.
A mãe de Lulu ficou zangada:
- Que é isso, minha filha? Os dois podem desenhar muito bem. Empreste os lápis para o seu primo!
Mas o Miguel já estava enjoado dessa conversa, e foi para fora andar de bicicleta.
A Lulu desenhou casinhas e desenhou bonecas e desenhou um pato e um elefante. E pintou todos os desenhos com seus lápis novos e mostrou para a mamãe. Mamãe disse que estavam todos ótimos, mas que ela guardasse os desenhos e os lápis que ela precisava preparar a mesa para o almoço.
A Lulu juntou todos os lápis, mas, em vez de guardar na caixa, que é o melhor jeito para se guardar lápis, ela botou os lápis em cima do bloco e foi para o quarto, equilibrando tudo.
Ela foi subindo as escadas, subindo as escadas, até que já estava chegando lá em cima, quando ela perdeu o equilíbrio e deixou os lápis caírem todos escada abaixo. Os lápis rolaram pela escada e foram batendo, batendo, batendo nos degraus.
A Lulu desceu as escadas e viu que todas as pontas dos lápis estavam quebradas. Então ela começou a chorar, que os lápis estavam estragados e que nunca mais ela ia poder desenhar. O Miguel, que estava brincando lá fora, veio correndo apara ver o que tinha acontecido.
Então ele disse à Lulu:
- Não chore não, Lulu, eu vou buscar meu apontador lá em casa e eu aponto todos os seus lápis. E ele foi e logo ele chegou com o apontador.
O Miguel apontou todos os lápis da Lulu.
Então a Lulu convidou:
- Miguel, você não quer desenhar comigo?
E o Miguel veio e eles fizeram uma porção de desenhos, e o Miguel ensinou a Lulu a fazer um automóvel e a Lulu ensinou o Miguel a fazer um elefante. Aí o Miguel ensinou a Lulu a fazer um foguete que voava direitinho. E a Lulu ensinou o Miguel a recostar umas bonecas engraçadas.
E a Lulu se divertiu muito maiS do que quando ela ficava desenhando sozinha...
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*A Menina que Não Era Maluquinha

Maluquinha, eu?

Eu não! Não sou nenhuma maluquinha!

Quem me pôs esse apelido foi aquele menino de casacão e panela na cabeça.

Ele me botou esse apelido quando eu fui brincar na casa do Mauricinho.

Eu nem queria ir.

Mas a mãe dele telefonou pra minha mãe, ela disse que o Mauricinho era muito tímido e que ela queria que ele brincasse com umas crianças mais... Não sei o que ela disse, acho que ela queria que ele brincasse com umas crianças mais descoladas...

E aí minha mãe me encheu um pouco e eu acabei indo.

A gente chegou na casa do Mauricinho e foi logo almoçar.

E depois do almoço a mãe dele botou a gente pra fazer a lição.

Eu não me incomodo de fazer lição logo depois do almoço, porque eu fico logo livre.

Mas a mãe do Mauricinho começou a fazer uns discursos sobre responsabilidade e coisa e tal, que a gente já era grandinha e tinha que cumprir com os compromissos... Um saco!

Eu tô careca de saber disso!

E então eu fiz minha lição correndo e o Mauricinho ficou lá toda a vida, ele não acabava mais de fazer a lição dele.

Aí eu comecei a rodar pela casa até que encontrei um gato.

Gato não, gata. Chamava Pom-pom. Ou era Fru-fru... Ou era Bom-Bom, sei lá.

E eu peguei a gata e ela estava meio fedida.

Então eu resolvi dar um banho nela. Gato não gosta de banho, vocês sabem.

Mas meu avô tinha me contado que quando ele queria dar banho no gato ele botava o bicho dentro da banheira e ele não conseguia sair e meu avô dava banho à vontade!

Mauricinho tinha um banheiro dentro do quarto dele.

Quando eu fui chegando perto da banheira a gata arrepiou toda e eu joguei ela bem depressa lá dentro e tapei o ralo e enchi de água.

E esfreguei a gata todinha com um shampoo todo perfumado que tinha lá e eu estava achando que todo mundo ia gostar de ver a gata toda limpinha. A gata estava muito infeliz e ela miava miaaauuu... e tentava sair do banho, mas meu avô tinha razão: ela arranhava a parede da banheira, mas não conseguia sair.

Mas acho que aí caiu shampoo no olho da gata, porque ela deu um pulo e agarrou na minha roupa e conseguiu pular fora e saiu correndo, espalhando espuma de shampoo por todo lado e nisso a mãe do Mauricinho vinha chegando e levou o maior susto e caiu sentada e a gata continuou correndo e assustando todo mundo e respingando tudo de espuma.

Eu não sei quem estava mais assustado: se era o Mauricinho, a mãe dele, a gata, ou se era eu.

Eu corri atrás da gata, mas ela pulou pela janela, atravessou o jardim, saiu pela rua e eu atrás.

Só que no meio da rua estava a turma daquele menino, aquele da panela na cabeça, e a gata passou pelo meio deles todos e eu atrás!

E eles levaram o maior susto, cada um correu para um lado, e atrás de mim vinha a mãe do Mauricinho e o Mauricinho e a cozinheira e o jardineiro todos correndo e gritando e eu resolvi correr para a minha casa e me esconder lá.

Mas no dia seguinte... a escola toda já sabia da história e aquele menino, aquele da panela na cabeça começou a me chamar de maluquinha...

Mas eu não sou maluquinha, não! Só se for a vó dele!

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*O Direito das Crianças
Ruth Rocha

Toda criança no mundo
Deve ser bem protegida
Contra os rigores do tempo
Contra os rigores da vida.

Criança tem que ter nome
Criança tem que ter lar
Ter saúde e não ter fome
Ter segurança e estudar.

Não é questão de querer
Nem questão de concordar
Os diretos das crianças
Todos tem de respeitar.

Tem direito à atenção
Direito de não ter medos
Direito a livros e a pão
Direito de ter brinquedos.

Mas criança também tem
O direito de sorrir.
Correr na beira do mar,
Ter lápis de colorir...

Ver uma estrela cadente,
Filme que tenha robô,
Ganhar um lindo presente,
Ouvir histórias do avô.

Descer do escorregador,
Fazer bolha de sabão,
Sorvete, se faz calor,
Brincar de adivinhação.

Morango com chantilly,
Ver mágico de cartola,
O canto do bem-te-vi,
Bola, bola,bola, bola!

Lamber fundo da panela
Ser tratada com afeição
Ser alegre e tagarela
Poder também dizer não!

Carrinho, jogos, bonecas,
Montar um jogo de armar,
Amarelinha, petecas,
E uma corda de pular.

Um passeio de canoa,
Pão lambuzado de mel,
Ficar um pouquinho à toa...
Contar estrelas no céu...

Ficar lendo revistinha,
Um amigo inteligente,
Pipa na ponta da linha,
Um bom dum cahorro-quente.

Festejar o aniversário,
Com bala, bolo e balão!
Brincar com muitos amigos,
Dar pulos no colchão.

Livros com muita figura,
Fazer viagem de trem,
Um pouquinho de aventura...
Alguém para querer bem...

Festinha de São João,
Com fogueira e com bombinha,
Pé-de-moleque e rojão,
Com quadrilha e bandeirinha.

Andar debaixo da chuva,
Ouvir música e dançar.
Ver carreiro de saúva,
Sentir o cheiro do mar.

Pisar descalça no barro,
Comer frutas no pomar,
Ver casa de joão-de-barro,
Noite de muito luar.

Ter tempo pra fazer nada,
Ter quem penteie os cabelos,
Ficar um tempo calada...
Falar pelos cotovelos.

E quando a noite chegar,
Um bom banho, bem quentinho,
Sensação de bem-estar...
De preferência um colinho.

Embora eu não seja rei,
Decreto, neste país,
Que toda, toda criança
Tem direito de ser feliz!

E quando a noite chegar,
Um bom banho, bem quentinho,
Sensação de bem-estar...
De preferência um colinho.

Uma caminha macia,
Uma canção de ninar,
Uma história bem bonita,
Então, dormir e sonhar...

Embora eu não seja rei,
Decreto, neste país,
Que toda, toda criança
Tem direito a ser feliz!

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*O CAVALINHO BRANCO
(Cecília Meireles)
.
À tarde, o cavalinho branco

está muito cansado:
mas há um pedacinho do campo
onde é sempre feriado.
O cavalo sacode a crina
loura e comprida e nas verdes ervas
atira sua branca vida.
Seu relincho estremece as raíze
se ele ensina aos ventos
a alegria de sentir livres
seus movimentos.
Trabalhou todo o dia, tanto!
desde a madrugada!
Descansa entre as flores,
cavalinho branco,
de crina dourada!
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*COLAR DE CAROLINA
(Cecília Meireles)
Com seu colar de coral,
Carolina
corre por entre as colunas
da colina.
O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.
E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina,
põe coroas de coral
nas colunas da colina.
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*A PIPA E O VENTO
(Cleonice Rainho)
Aprumo a máquina,
dou linha à pipa
e ela sobe alto
pela força do vento.
O vento é feliz
porque leva a pipa,
a pipa é feliz
porque tem o vento.
Se tudo correr bem,
pipa e vento,
num lindo momento,
vão chegar ao céu.
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*OU ISTO OU AQUILO
(Cecília Meireles)

Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . .
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

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*A FOCA
(Vinicius de Moraes)
Quer ver a foca
Ficar feliz?
É por uma bola
No seu nariz.

Quer ver a foca
Bater palminha?
É dar a ela
Uma sardinha.

Quer ver a foca
Fazer uma briga?
É espetar ela
Bem na barriga!

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*A Língua de Nhem

Havia uma velhinha
que andava aborrecida
pois dava a sua vida
para falar com alguém.

E estava sempre em casa
a boa velhinha
resmungando sozinha:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...

O gato que dormia
no canto da cozinha
escutando a velhinha,
principiou também

a miar nessa língua
e se ela resmungava,
o gatinho a acompanhava:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...

Depois veio o cachorro
da casa da vizinha,
pato, cabra e galinha
de cá, de lá, de além,

e todos aprenderam
a falar noite e dia
naquela melodia
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...

De modo que a velhinha
que muito padecia
por não ter companhia
nem falar com ninguém,

ficou toda contente,
pois mal a boca abria
tudo lhe respondia:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
(CECILIA MEIRELES)

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*Uma Palmada Bem Dada

É a menina manhosa
Que não gosta da rosa,
Que não quer A borboleta
Porque é amarela e preta,
Que não quer maçã nem pêra
Porque tem gosto de cera,
Porque não toma leite
Porque lhe parece azeite,
Que mingau não toma
Porque é mesmo goma,
Que não almoça nem janta
porque cansa a garganta,
Que tem medo do gato
E também do rato,
E também do cão
E também do ladrão,
Que não calça meia
Porque dentro tem areia
Que não toma banho frio
Porque sente arrepio,
Que não toma banho quente
Porque calor sente
Que a unha não corta
Porque fica sempre torta,
Que não escova os dentes
Porque ficam dormentes
Que não quer dormir cedo
Porque sente imenso medo,
Que também tarde não dorme
Porque sente um medo enorme,
Que não quer festa nem beijo,
Nem doce nem queijo.
Ó menina levada,
Quer uma palmada?
Uma palmada bem dada
Para quem não quer nada!
(CECILIA MEIRELES)
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*A AVÓ DO MENINO
.A avó
vive só.
Na casa da avó
o galo liró
faz "cocorocó!"
A avó bate pão-de-ló
E anda um vento-t-o-tó
Na cortina de filó.
A avó
vive só.
Mas se o neto meninó
Mas se o neto Ricardó
Mas se o neto travessó
Vai à casa da avó,
Os dois jogam dominó.
(CECILIA MEIRELES)
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*Leilão de Jardim

Quem me compra um jardim
com flores?

borboletas de muitas cores,

lavadeiras e passarinhos,

ovos verdes e azuis

nos ninhos?

Quem me compra este caracol?

Quem me compra um raio de sol?

Um lagarto entre o muro e a hera,

uma estátua da Primavera?

Quem me compra este formigueiro?

E este sapo, que é jardineiro?

E a cigarra e a sua canção?

E o grilinho dentro do chão?

(Este é meu leilão!)
(CECILIA MEIRELES)
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*O mosquito escreve

O mosquito pernilongo
trança as pernas, faz um M,
depois, treme, treme, treme,
faz um O bastante oblongo,
faz um S.

O mosquito sobe e desce.
Com artes que ninguém vê,
faz um Q,
faz um U, e faz um I.

Este mosquito
esquisito
cruza as patas, faz um T.
E aí,
se arredonda e faz outro O,
mais bonito.

Oh!
Já não é analfabeto,
esse inseto,
pois sabe escrever seu nome.

Mas depois vai procurar
alguém que possa picar,
pois escrever cansa,
não é, criança?
E ele está com muita fome.
(CECILIA MEIRELES)
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* R de receita
O rato
Fez macarrão
Com o cordão
Do seu sapo
Veio o sapo
E pulou corda
Com o macarrão
Do rato, a minhoca
Fez nhoque
Com a corda
Do seu sapo,
Depois veio
O avestruz, papou tudo.
Credo cruz!
(Elza Beatriz)

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* O MENINO AZUL
(Cecília Meireles)
O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.
O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
de tudo o que aparecer.
O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.

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* O QUE É QUE EU VOU SER?
Bete quer ser bailarina,
Zé quer ser aviador.
Carlos vai plantar batata,
Juca quer ser um ator.
Camila gosta de música.
Patrícia quer desenhar.
Uma vai pegando o lápis,
a outra põe-se a cantar.
Mas eu não sei se vou ser
poeta, doutora ou atriz.
Hoje eu só sei uma coisa:
Quero ser muito feliz!
(Pedro Bandeira).
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* A CIGARRA E A FORMIGA
A cigarra passou todo o verão cantando,
enquanto a formiga juntava seus grãos.
Quando chegou o inverno, a cigarra veio
à casa da formiga para pedir que lhe desse o
que comer.
A formiga então perguntou a ela:
– E o que é que você fez durante todo o
verão?
– Durante o verão eu cantei – disse a
cigarra.
E a formiga respondeu:
– Muito bem, pois agora dance!

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* Esconde esconde
Outro dia, a turma estava brincando de esconde esconde.
A Mônica ficou como pegador e logo encontrou todo mundo,
menos o Cebolinha. Quando já estava quase desistindo de procurá-lo,
ela ouviu o Bidu latindo como um louco e foi ver o que acontecia.
Adivinhe quem estava escondido dentro da casinha do Bidu?
Você e seus amigos já brincaram de esconde esconde? É assim:
tirem a sorte pra saber quem vai ser o pegador e escolham o lugar do
pique: uma árvore, uma parede, um poste...
O sorteado vai “bater cara”: ele apoia os braços no pique, fecha os olhos e conta até 50.
Enquanto isso, os outros vão se esconder.
Quando terminar de contar, o pegador grita:
- Lá vou eu!
E começa a procurar os amigos. Assim que achar alguém, ele tem que bater a mão no pique e
falar bem alto o nome do companheiro descoberto e o lugar onde está escondido. Por exemplo:
- João atrás da árvore! Um, dois, três!
Quem foi encontrado tem a chance de se salvar batendo a mão no pique antes do pegador,
gritando:
- Pique! Um, dois, três!
O pegador deve ficar sempre atento, pois se um participante sair do seu esconderijo e
conseguir bater a mão no pique, ele salva os que foram pegos.
O primeiro que foi descoberto será o próximo pegador. Se ele estiver salvo, o segundo
participante pego é que vai bater cara, e assim por diante. Se todos tiverem
sido salvos, o pegador continuará sendo o mesmo.
(SOUZA,Maurício de. Esconde-esconde).
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* AS ABELHAS
A aaaaaaabelha mestra
e aaaaaaas abelhinhas
estão tooooooodas prontinhas
pra iiiiiiir para a festa.
Num zune que zune
lá vão pro jardim
brincar com a cravina
valsar com o jasmim.
Da rosa pro cravo
do cravo pra rosa
da rosa pro favo
volta pro cravo.
Venham ver como dão mel
as abelhinhas do céu!

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* O GRILO GRILADO
O grilo
coitado
anda grilado
e eu sei
o que há.
Salta pra aqui,
salta pra ali.
Cricri pra cá,
cricri pra lá.
O grilo
coitado
anda grilado
e não quer contar.
No fundo
não ilude
é só reparar
em sua atitude
pra se desconfiar.
O grilo
coitado
anda grilado
e quer um analista
e quer um doutor.
Seu grilo,
eu sei:
o seu grilo
é um grilo
de amor.
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* UM AMOR DE FAMÍLIA
(trecho)
Este é o filho da irmã da minha mãe.
Ele é meu priminho.
Ele me deu um soco!
Mas eu adoro a titia,
mãe do meu primo.
Ela sabe
tantas coisas!
Ela me ensinou que,
em inglês,
amor é LOVE.
Que, em francês,
amor é AMOUR.
Que amor é LIEBE
em alemão.
Que, em italiano,
amor é
AMORE.
E que, em espanhol,
amor é
AMOR mesmo.
Ziraldo.
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* O PALHAÇO SANHAÇO
No circo, é um só coro.
No circo, é um só berro:
é ouro, é ouro, é ouro,
é ferro, é ferro, é ferro,
é aço, é aço, é aço.
Ninguém pode com o Sanhaço!
E o palhaço Sanhaço
leva cada tombaço
de quebrar o espinhaço.
E o Sanhaço não se cansa
e pula e cai na dança.
E diz cada besteira!...
Sanhaço vira criança
e não há criança
que não caia na brincadeira.

Elias José.
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* Menino brinca de boneca?
Muitas meninas jogam bola melhor que muitos meninos. E olha que dizem
que isso é brincadeira de menino.
Muitas meninas também gostam de soltar pipa, jogar bola de gude e ela não
deixa de ser menina por isso.
Correr, pular e soltar pipa também podem ser brincadeiras de menina!
Muitos meninos brincam de boneca e muitas vezes sabem fazer “ninar” ou
trocar fralda, bem melhor que as meninas. E pode ser assim também, quando
brincam de casinha. E eles deixam de ser homem por causa disso? Claro que não!
O fato não é por ser menino ou menina, mas é porque é assim mesmo.
Cada um faz as coisas melhor ou pior que os outros. E nem por isso está
errado ou é feio.
O legal é quando todos podem brincar de tudo, quando têm oportunidade de
brincar de diferentes tipos de brinquedos e brincadeiras.
(Mariana Ribeiro)

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* Minha festinha
Meu nome é Luiza e sábado foi o meu aniversário.
A sala da minha casa estava cheia de balões coloridos.
Minha mãe preparou salgadinhos e doces sortidos. Tinha também bombons
de passas e sorvete de pêssego.
Vou contar um segredo só para você. Quando soprei a velinha do meu bolo
de aniversário, eu chorei, mas foi só um pouquinho, porque naquela hora eu estava
tão feliz!
(Rosa Fernandes)
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* A GALINHA DO VIZINHO
A galinha do vizinho
Bota ovo amarelinho
Bota um
Bota dois
Bota três
Bota quatro
Bota cinco
Bota seis
Bota sete
Bota oito
Bota nove
Bota dez!
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* Parlenda popular
O bolo perguntou para a bala:
─ Por que é que se embala a bala?
A bala respondeu ao bolo:
─ Se embala a bala,
Para ninguém melar a bala.
Parlenda popular

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* A Boneca
Deixando a bola e a peteca,
Com que ainda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.
Dizia a primeira: "É minha!"
— "É minha!" a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.
Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.
Tanto puxaram por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.
E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando à bola e à peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram sem a boneca . . .
Bilac, Olavo. Poesias infantis.

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* A AVE DA SABEDORIA
Coruja siundara - mede cerca de 35 centímetros de comprimento
As corujas geralmente possuem hábitos noturnos, elas têm
uma visão e um sistema auditivo muito bons, podem caçar com
facilidade à noite. Ave muito curiosa, ela é o símbolo da sabedoria.
Hábitos:
Algumas têm atividades durante o dia, mas a maioria é
noturna.
O fato de serem capaz de viver no escuro faz com que tenham muitas
vantagens.
Uma delas é que não precisam competir com os gaviões e outros pássaros
predadores, que têm uma alimentação parecida.
Seus ouvidos externos têm uma estrutura capaz de aumentar o som que chega
aos ouvidos internos.
Não são tão boas quanto a visão no escuro, mas conseguem enxergar sombras
em ambientes com pouca luz. Além disso, têm capacidade de observar grande parte

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* A FORMIGA E A POMBA
Uma Formiga foi à margem do rio para beber água e, sendo arrastada pela forte correnteza, estava prestes a se afogar.
Uma Pomba que estava numa árvore sobre a água, arrancou uma folha e a deixou cair na correnteza perto dela. A Formiga subiu na folha e flutuou em segurança até a margem.
Pouco tempo depois, um caçador de pássaros veio por baixo da árvore e se preparava para colocar varas com visgo perto da Pomba que repousava nos galhos alheia ao perigo.
A Formiga, percebendo sua intenção, deu-lhe uma ferroada no pé. Ele repentinamente deixou cair sua armadilha e, isso deu chance para que a Pomba voasse para longe a salvo.
Autor: Esopo
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* A GALINHA E OS OVOS DE OURO
Um camponês e sua esposa possuiam uma galinha que punha todo dia um ovo de ouro.
Supondo que devia haver uma grande quantidade de ouro em seu interior, eles a mataram para que pudessem pegar tudo.
Então, para surpresa deles, viram que a galinha em nada era diferente das outras galinhas.
O casal de tolos, desse modo, desejando ficarem ricos de uma só vez, perderam o ganho diário que tinham assegurado.
Autor: Esopo

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* A RAPOSA E AS UVAS
Uma raposa passou embaixo de uma parreira carregada de lindas uvas.
Ficou com muita vontade de comer aquelas uvas.
Deu muitos saltos, tentou subir na parreira, mas não conseguiu.
Depois de muito tentar foi-se embora, dizendo:
— Eu nem estou ligando para as uvas. Elas estão verdes,mesmo…
É fácil desdenhar daquilo que não se alcança
Autor: Esopo

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* A ÁRVORE DO BETO
O Beto é amigo de todo mundo.
O Beto tinha uma vontade de ter uma árvore de Natal.
Era o sonho dele. Uma árvore grande, como a da casa do Caloca. Mas o pai do
Beto não podia comprar a árvore para o Beto.
Um dia, Beto teve uma ideia.
Lá na nossa rua tem um terreno vazio e Beto resolveu plantar uma árvore lá e
esperar até que ela crescesse.
Todos os dias, Beto regava a mudinha dele.
Até que a árvore do Beto ficou grande, cheia de galhos, uma beleza!
Prontinha para virar árvore de Natal.
A festa do Beto era no velho terreno vazio. Todos os amigos estavam lá.
Estava tudo enfeitado e, no centro do terreno, a sua árvore grande brilhava,
exatamente como ele tinha sonhado. Cheia de luzes, de bolas coloridas, de
guirlandas prateadas e com muitos presentes.
E uns diziam para os outros:
– Feliz Natal! Feliz Natal!
(...)
(Fragmento da história “A Árvore do Beto” de Ruth Rocha

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* AS ÁRVORES E O MACHADO
Um homem foi à floresta e pediu as arvores que estas lhe doassem um cabo para o seu machado. O conselho das árvores concordou com o seu pedido e deu a ele uma jovem árvore para este fim.
Logo que o homem colocou o novo cabo no machado, começou a usá-lo e em pouco tempo havia derrubado com seus potentes golpes as mais nobres e maiores árvores da floresta.
Um velho Carvalho, lamentando quando a destruição dos seus companheiros já estava bem adiantada, disse a um Cedro seu vizinho:
- O primeiro passo foi a perdição de todas nós. Se tivéssemos respeitado os direitos daquela jovem árvore, poderíamos ainda ter preservado nossos próprios privilégios e ficarmos de pé por muitos anos.
Autor: Esopo
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* O CACHORRO E SUA SOMBRA
Um cachorro, ao cruzar uma ponte sobre um riacho carregando um pedaço de carne na boca, viu sua própria imagem refletida na água e pensou que fosse outro cachorro com um pedaço com o dôbro do tamanho do que carregava.
Êle então largou sua carne, e, ferozmente atacou o outro cachorro para tomar-lhe aquele pedaço que era bem maior que o seu.
Agindo assim êle perdeu ambos; Aquele que tentou pegar na água, pois era apenas um reflexo; e o seu próprio que caiu no riacho e foi levado pela correnteza.
Autor: Esopo
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* O CÃO RAIVOSO
Um cachorro costumava atacar sorrateiramente e morder os calcanhares de quem encontrasse pela frente.
Seu dono então, pendurou um sino em seu pescoço pois assim ele alertava as pessoas de sua presença onde quer que estivesse.
O cachorro cresceu orgulhoso, e, vaidoso do seu sino caminhava tilintando-o pela rua.
Um velho cão de caça então lhe disse:
- Por quê você se exibe tanto? Este sino que carrega não é, acredite, nenhuma honra ao mérito, mas ao contrário, uma marca de desonra, um aviso público para que todas as pessoas o evitem por ser perigoso.
Autor: Esopo

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* O GATO E O GALO
Um gato capturou um galo, e, ficou imaginando como achar uma desculpa qualquer para que o fato de que este ia come-lo fosse justificado.
Acusou ele então de causar aborrecimentos aos homens já que cantava à noite e não os deixava dormir.
O galo se defendeu dizendo que fazia isso em benefício dos homens e assim eles podiam acordar cedo e irem para o trabalho.
O gato respondeu; "Apesar de você ter uma boa desculpa eu não posso ficar sem jantar." E assim comeu o galo.
Autor: Esopo
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*Gabriela e a Titia

Gabriela menina.
Gabriela levada...
Ô menina encapetada!

Gabriela foi passear com a titia.
A titia de Gabriela é engraçada,
gorducha, tagarela. Mas Gabriela não
gosta muito de conversa fiada.
E a titia fala pelos cotovelos...

Titia pára para falar com o peixeiro:
- Bom dia, seu Monteiro!
Que dia lindo, não é?
E patati, patatá...patati, patatá...
A titia não pára de falar...

A titia pára para falar com o padeiro:
- Bom dia, seu Zé Maria! O pão está fresquinho?
O pão está quentinho?
E patati, patatá...Patati, patatá...
A titia não pára de falar.
A titia pára para falar com a florista:
- Bom dia, dona Margarida! Como a loja está
florida! Gabriela só fica olhando...
se aborrecendo...enjoando...
E a titia falando!

Mas nesse dia...
Lá vão Gabriela e a titia.
E encontram uma coisa diferente, interessante realmente!
Um realejo! Desses que tocam umas musiquinhas do tempo do onça, com um macaquinho
engraçado que faz caretas e pede esmolas com
um gorro na mão.
Gabriela ficou encantada!

Mas a titia está apressada:
- Vamos embora, menina! Tenho tanto que fazer!
Preciso comprar um fio de linha...
Preciso comprar um alfinete...
Preciso comprar um selo do correio...
E lá vai a titia com a Gabriela pela mão.

A GABRIELA?
Lá se vai a titia com o macaco pela mão!
- Vamos embora, menina! Tenho que
comprar comida para o papagaio!

E Gabriela escapa para o outro lado.
Vai se encontrar com os amigos.
A turma da Gabriela é de amargar:
o Marcelo, a Mariana,
o Caloca, a Luciana,
Geraldinho, Valdemar.

Vamos brincar de esconder?
Gabriela convida.
E a turma toda vai brincar de esconder.

Enquanto isso, lá vai a titia ao bazar do seu
Maluf.
Seu Maluf olha espantado.
Dona Zulmira puxando um macaco pela mão!

Coitada de Dona Zulmira! Está ficando
caduca...” – ele pensa.
- “E o pior é que ela conversa com o macaco”!

A titia é distraída e nem olha para
Gabriela.
“Seu Maluf está esquisito...” – ela pensa...
“Está ficando caduco, coitado!
Olhando pra mim de um jeito gozado...”
Tia Zulmira sai do bazar. Vai pela rua puxando o macaco pela mão.
E o macaco estende pra todo mundo o
Gorrinho. Pedindo um dinheirinho...

As pessoas olham espantadas para a
tia Zulmira. Ela cumprimenta todo
mundo muito séria.
Vai puxando o macaquinho, que vai fazendo caretas pra todo lado.

Gabriela e a turminha já brincaram de tudo.
Já foram ao parque de diversões andar
de roda-gigante, já empinaram papagaio,
já andaram de barco na represa...
Só que começou a escurecer.
Todo mundo correu pra casa pra jantar.

Olhe lá a tia com o macaco pela mão. Já tem
uma porção de gente atrás dela.
E ela nem percebeu! Gabriela chega junto da tia
Zulmira.
Xii! Lá vem o homem do realejo!
Gabriela tira a mão do macaco
da mão da titia. Solta o macaco
e põe a sua mão no lugar.

E a titia? A titia não percebe nada!
A titia não pára de falar:
Patati, patatá! Patati, patatá!

Dona Zulmira leva Gabriela para casa:
- Gostou do passeio, minha filha?
- Gostei muito, titia! Você nem pode
imaginar como eu me diverti...
Gabriela menina.
Gabriela levada...
Ô menina encapetada!
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*As Coisas que a Gente Fala

As coisas que a gente fala
saem da boca da gente
e vão voando, voando,
correndo sempre pra frente.
Entrando pelos ouvidos
de quem estiver presente.
Quando a pessoa presente
É pessoa distraída
Não presta muita atenção.
Então as palavras entram
E saem pelo outro lado
Sem fazer complicação.

Mas ás vezes as palavras
Vão entrando nas cabeças,
Vão dando voltas e voltas,
Fazendo reviravoltas
E vão dando piruetas.
Quando saem pela boca
Saem todas enfeitadas.
Engraçadas, diferentes,
Com palavras penduradas.

Mas depende das pessoas
Que repetem as palavras.
Algumas enfeitam pouco.
Algumas enfeitam muito.
Algumas enfeitam tanto,
Que as palavras - que
Engraçado!
- nem parece as palavras
que entraram pelo outro
lado.

E depois que elas se espalham,
Por mais que a gente procure,
Por mais que a gente recolha,
Sempre fica uma palavra,
Voando como uma folha,
Caindo pelos quintais,
Pousando pelos telhados,
Entrando pelas janelas,
Pendurada nos beirais.

Por isso, quando falamos,
Temos de tomar cuidado.
Que as coisas que a gente fala
Vão voando, vão voando,
E ficam por todo lado.
E até mesmo modificam
O que era nosso recado.

Eu vou contar pra vocês
O que foi que aconteceu,
No dia em que a Gabriela
Quebrou o vaso da mãe dela
E acusou o Filisteu.

- Quem foi que quebrou meu vaso?
Meu vaso de ouro e laquê,
Que eu conquistei no concurso,
No concurso de crochê?
- Quem foi que quebrou seu vaso?
- a Gabriela respondeu
- quem quebrou seu vaso foi...
o vizinho, o Filisteu.

Pronto! Lá vão as palavras!
Vão voando, vão voando...
Entrando pelos ouvidos
De quem estiver passando.
Então entram pelo ouvido
De dona Felicidade:
- o Filisteu? Que bandido!
que irresponsabilidade!
As palavras continuam
A voar pela cidade.
Vão entrando nos ouvidos
De gente de toda idade.
E aquilo que era mentira
Até parece verdade...

Seu Golias, que é vizinho
De dona Felicidade,,
E que é o pai do Filisteu,
Ao ouvir que o filho seu
Cometeu barbaridade,
Fica danado da vida,
Invente logo um castigo,
Sem tamanho, sem medida!
Não tem mais festa!
Não tem mais coca-cola!
Não tem TV!
Não tem jogo de bola!
Trote no telefone?
Nem mais pensar!
Isqueite? Milquicheique??
Vão acabar!

Filisteu, que já sabia
Do que tinha acontecido,
Ficou muito chateado!
Ficou muito aborrecido!
E correu logo pro lado,
Pra casa de Gabriela:
- Que papelão você fez!
Me deixou em mal estado,
Com essa mentira louca
Correndo por todo lado.
Você tem que dar um jeito!
Recolher essa mentira
Que em deixa atrapalhado!

Gabriela era levada,

Mas sabia compreender
As coisas que a gente pode
E as que não pode fazer;
E a confusão que ela armou,
Saiu para resolver.

Gabriela foi andando.
E as mentiras que ela achava
Na sacola ia guardando.
Mas cada vez mais mentiras
O vento ia carregando...
Gabriela encheu sacola,
Bolsa de fecho de mola,
Mala, malinha, maleta.

E quanto mais ia enchendo,
Mais mentiras ia vendo,
Voando, entrando nas casas,
Como se tivessem asas,
Como se fossem - que coisa!
- um milhão de borboletas!

Gabriela então chegou
No começo de uma praça.
E quando olhou para cima
Não achou a menor graça!
Percebeu - calamidade!
- que a mentira que ela disse
cobria toda a cidade!

Gabriela era levada,
Era esperta, era ladina,
Mas, no fundo, Gabriela
Ainda era uma menina.
Quando viu a trapalhada
Que ela conseguiu fazer,
Foi ficando apavorada,
Sentou-se numa calçada,
Botou a boca no mundo,
Num desespero profundo...

Todo mundo em volta dela
Perguntava o que é que havia.
Por que chora Gabriela?
Por que toda esta agonia?
Gabriela olhou pro céu
E renovou a aflição.
E gritou com toda força
Que tinha no seu pulmão:
- Foi mentira!
- Foi mentira!

Com as palavras da menina
Uma nuvem se formou,
Lá no alto, muito escura,
Que logo se desmanchou.
Caiu em forma de chuva
E as mentiras lavou.

Mas mesmo depois do caso
Que eu acabei de contar,
Até hoje Gabriela
Vive sempre a procurar.
De vez em quando ela encontra
Um pedaço de mentira.
Então recolhe depressa,
Antes dela se espalhar.
Porque é como eu lhes dizia.
As coisas que a gente fala
Saem da boca da gente
E vão voando, voando,
Correndo sempre pra frente.

Sejam palavras bonitas
Ou sejam palavras feias;
Sejam mentira ou verdade
Ou sejam verdades meias;
São sempre muito importantes
As coisas que a gente fala.
Aliás, também têm força
As coisas que a gente cala.
Ás vezes, importam mais
Que as coisas que a gente fez...
"Mas isso é uma outra história
que fica pra uma outra vez..."



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* O LEÃO APAIXONADO
Um Leão pediu a filha de um lenhador em casamento. O Pai, contrariado mas receoso, aproveitou a ocasião para livrar-se desse problema.
Ele disse que consentia em tê-lo como noivo, mas, com uma condição; Este deveria deixar-lhe arancar suas unhas e dentes pois sua filha temia a ambos.
Contente o Leão concordou. Depois disso, ao repetir seu pedido, o lenhador que não mais o temia, pegou um cajado e enxotou-o da casa para a floresta.
Autor: Esopo

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* O LEÃO E O RATO
Um Leão foi acordado por um Rato que passou correndo sobre seu rosto. Com um salto ágil ele o capturou e estava pronto para matá-lo, quando o Rato suplicou:
- Se o senhor poupasse minha vida, tenho certeza que poderia um dia retribuir sua bondade.
O Leão deu uma gargalhada de desprêzo e o soltou.
Aconteceu que pouco depois disso o Leão foi capturado por caçadores que o amarraram com fortes cordas no chão.
O Rato, reconhecendo seu rugido, se aproximou, roeu as cordas e libertou-o dizendo:
- O senhor achou ridículo a idéia de que eu jamais seria capaz de ajudá-lo. Nunca esperava receber de mim qualquer compensação pelo seu favor; Mas agora sabe que é possivel mesmo a um Rato conceber um favor a um poderoso Leão.
Autor: Esopo

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* O LEÃO, O URSO E A RAPOSA
Um Leão e um Urso capturaram um cervo e disputavam sua posse em feroz luta.
Após terem lutado, e já muito feridos e fracos devido aos ferimentos, eles cairam no chão completamente exaustos.
Uma Raposa, que estava nas redondezas e a tudo observada a uma distância segura, vendo ambos estirados no chão, e, o cervo abandonado entre eles, correu entre os dois e agarrando a presa desapareceu no meio do mato.
O Leão e o Urso vendo aquilo, mas incapazes de impedir, disseram:
- Ai de nós, que nos ferimos um ao outro apenas para garantir o jantar da Raposa!
Autor: Esopo

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* O LOBO E A OVELHA
Um lobo, muito ferido por mordidas de cachorros, repousava doente e muito machucado em sua toca.
Como estava com fome, ele chamou uma ovelha que ia passando por perto, e pediu-lhe para trazer um pouco da água de um regato que corria ao lado dela.
- Assim, - falou o lobo - se você me trouxer água, eu ficarei em condições de conseguir meu próprio alimento.
- Claro, - respondeu a ovelha - se eu levar água para você, você sem dúvida fará de mim uma provisão de comida também.
Autor: Esopo

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* A LEBRE E A TARTARUGA
Era uma vez... uma lebre e uma tartaruga.
A lebre vivia caçoando da lerdeza da tartaruga.
Certa vez, a tartaruga já muito cansada por ser alvo de gozações, desafiou a lebre para uma corrida.
A lebre muito segura de si, aceitou prontamente.
Não perdendo tempo, a tartaruga pois-se a caminhar, com seus passinhos lentos, porém, firmes.
Logo a lebre ultrapassou a adversária, e vendo que ganharia fácil, parou e resolveu cochilar.
Quando acordou, não viu a tartaruga e começou a correr.
Já na reta final, viu finalmente a sua adversária cruzando a linha de chegada,, toda sorridente.
Moral da história: Devagar se vai ao longe!
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*A CIGARRA E A FORMIGA
Era uma vez uma cigarra que vivia saltitando e cantando pelo bosque, sem se preocupar com o futuro. Esbarrando numa formiguinha, que carregava uma folha pesada, perguntou:
- Ei, formiguinha, para que todo esse trabalho? O verão é para gente aproveitar! O verão é para gente se divertir!
- Não, não, não! Nós, formigas, não temos tempo para diversão. É preciso trabalhar agora para guardar comida para o inverno.
Durante o verão, a cigarra continuou se divertindo e passeando por todo o bosque. Quando tinha fome, era só pegar uma folha e comer.
Um belo dia, passou de novo perto da formiguinha carregando outra pesada folha.
A cigarra então aconselhou:
- Deixa esse trabalho para as outras! Vamos nos divertir. Vamos, formiguinha, vamos cantar! Vamos dançar!
A formiguinha gostou da sugestão. Ela resolveu ver a vida que a cigarra levava e ficou encantada. Resolveu viver também como sua amiga.
Mas, no dia seguinte, apareceu a rainha do formigueiro e, ao vê-la se divertindo, olhou feio para ela e ordenou que voltasse ao trabalho. Tinha terminado a vidinha boa.
A rainha das formigas falou então para a cigarra:
- Se não mudar de vida, no inverno você há de se arrepender, cigarra! Vai passar fome e frio.
A cigarra nem ligou, fez uma reverência para rainha e comentou:
- Hum!! O inverno ainda está longe, querida!
Para cigarra, o que importava era aproveitar a vida, e aproveitar o hoje, sem pensar no amanhã. Para que construir um abrigo? Para que armazenar alimento? Pura perda de tempo.
Certo dia o inverno chegou, e a cigarra começou a tiritar de frio. Sentia seu corpo gelado e não tinha o que comer. Desesperada, foi bater na casa da formiga.
Abrindo a porta, a formiga viu na sua frente a cigarra quase morta de frio.
Puxou-a para dentro, agasalhou-a e deu-lhe uma sopa bem quente e deliciosa.
Naquela hora, apareceu a rainha das formigas que disse à cigarra: - No mundo das formigas, todos trabalham e se você quiser ficar conosco, cumpra o seu dever: toque e cante para nós.
Para cigarra e paras formigas, aquele foi o inverno mais feliz das suas vidas.
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* A CIGARRA E A FORMIGA 2
Tendo a cigarra cantado durante o verão,
Apavorou-se com o frio da próxima estação.
Sem mosca ou verme para se alimentar,
Com fome, foi ver a formiga, sua vizinha,
pedindo-lhe alguns grãos para agüentar
Até vir uma época mais quentinha!
"Eu lhe pagarei", disse ela,
"Antes do verão, palavra de animal,
Os juros e também o capital."
A formiga não gosta de emprestar,
É esse um de seus defeitos.
"O que você fazia no calor de outrora?"
Perguntou-lhe ela com certa esperteza.
"Noite e dia, eu cantava no meu posto,
Sem querer dar-lhe desgosto."
"Você cantava? Que beleza!
Pois, então, dance agora!"

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* A GALINHA RUIVA
Era uma vez uma galinha ruiva, que morava com seus pintinhos numa fazenda.
Um dia ela percebeu que o milho estava maduro, pronto para ser colhido e virar um bom alimento.
A galinha ruiva teve a idéia de fazer um delicioso bolo de milho. Todos iam gostar!
Era muito trabalho: ela precisava de bastante milho para o bolo.
Quem podia ajudar a colher a espiga de milho no pé?
Quem podia ajudar a debulhar todo aquele milho?
Quem podia ajudar a moer o milho para fazer a farinha de milho para o bolo?
Foi pensando nisso que a galinha ruiva encontrou seus amigos:
- Quem pode me ajudar a colher o milho para fazer um delicioso bolo? - Eu é que não, disse o gato. Estou com muito sono.
- Eu é que não, disse o cachorro. Estou muito ocupado.
- Eu é que não, disse o porco. Acabei de almoçar.
- Eu é que não, disse a vaca. Está na hora de brincar lá fora.
Todo mundo disse não.
Então, a galinha ruiva foi preparar tudo sozinha: colheu as espigas, debulhou o milho, moeu a farinha, preparou o bolo e colocou no forno.
Quando o bolo ficou pronto ...
Aquele cheirinho bom de bolo foi fazendo os amigos se chegarem. Todos ficaram com água na boca.
Então a galinha ruiva disse:
- Quem foi que me ajudou a colher o milho, preparar o milho, para fazer o bolo?
Todos ficaram bem quietinhos. ( Ninguém tinha ajudado.)
- Então quem vai comer o delicioso bolo de milho sou eu e meus pintinhos, apenas. Vocês podem continuar a descansar olhando.
E assim foi: a galinha e seus pintinhos aproveitaram a festa, e nenhum dos preguiçosos foi convidado.

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*o Lobo e a sua Sombra
Um Lobo saiu de sua toca num fim de tarde, bem disposto e com grande apetite. E enquanto ele corria, a luz do sol poente batia sobre seu corpo, fazendo sua sombra aparecer refletida no chão.
Então ele viu aquela sombra de si mesmo projetada no chão. E como a sombra de uma coisa é sempre bem maior que a própria coisa, ao ver aquilo, exclamou vaidoso: “Ora, ora, veja só o quanto grande eu sou! Imagine eu, com todo esse tamanho, e ainda tendo que fugir de um insignificante Leão! Eu o mostrarei, quando o encontrar, se Ele ou Eu, afinal, quem de verdade é o rei dos animais!”
E enquanto estava distraido envolto em seus pensamentos e gabando a si mesmo, um Leão pulou sobre ele e o capturou.
Ele então exclamou com tardio arrependimento: “Coitado de mim! Minha exagerada autoestima foi a causa da minha perdição.”

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* o Leão e o Inseto
Um inseto se aproximou de um Leão e disse sussurrando em seu ouvido: “Não tenho nenhum medo de você, nem acho você mais forte que eu. Se você duvida disso, eu o desafio para uma luta, e assim, veremos quem será o vencedor.”
E voando rapidamente sobre o Leão, deu-lhe uma ferroada no nariz. O Leão, tentando pegá-lo com as garras, apenas atingia a si mesmo, ficando assim bastante ferido.
Desse modo o Inseto venceu o Leão, e entoando o mais alto que podia uma canção que simbolizava sua vitória sobre o Rei dos animais, foi embora relatar seu feito para o mundo. Mas, na ânsia de voar para longe e rapidamente espalhar a notícia, acabou preso numa teia de aranha.
Então se lamentou Dizendo: “Ai de mim, eu que sou capaz de vencer a maior das feras, fui vencido por uma simples aranha.Esopo

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* O Gato e o Galo
Um gato, ao capturar um galo, ficou imaginando como achar uma desculpa, qualquer que fosse, para justificar o seu desejo de devorá-lo.
Acusou ele então de causar aborrecimentos aos homens, já que cantava à noite e não deixava ninguém dormir.
O galo se defendeu dizendo que fazia isso em benefício dos homens, e assim eles podiam acordar cedo para não perder a hora do trabalho.
O gato respondeu; "Apesar de você ter uma boa desculpa eu não posso ficar sem jantar." E assim comeu o galo.
Autor: Esopo

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* Os Garotos e as Rãs
Alguns garotos estavam brincando às margens de uma lagoa, onde vivia uma família de Rãs. Os garotos se divertiam atirando pedras na lagoa, de modo que estas saíssem pulando sobre a superfície da água.
Logo a superfície da lagoa estava repleta de pedras que voavam por todos os lados, e os garotos mal conseguiam se conter de tanta alegria. Mas, para as pobres Rãs dentro da água, a situação era desesperadora, de pavor.
Por fim uma delas, a mais velha e corajosa do grupo, colocou a cabeça para fora da água e rogou: “Por favor, caras crianças, parem com tão cruel brincadeira. Ainda que isso possa ser divertido para vocês, também pode significar a morte para nós!”
Autor: Esopo
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* Maria vai com as outras.( Silvia Orthof)
Era uma vez uma ovelha chamada Maria. Onde as outras ovelhas iam, Maria ia também.
As ovelhas iam para baixo Maria ia também.
As ovelhas iam para cima, Maria ia também.
Um dia, todas as ovelhas foram para o Pólo Sul. Maria foi também. E atchim!
Maria ia sempre com as outras. Depois todas as ovelhas foram para o deserto. Maria foi também.
- Ai que lugar quente! As ovelhas tiveram insolação. Maria teve insolação também.
Uf! Uf! Puf! Maria ia sempre com as outras.
Um dia, todas as ovelhas resolveram comer salada de jiló.
Maria detestava jiló. Mas, como todas as ovelhas comiam jiló, Maria comia também. Que horror!
Foi quando de repente, Maria pensou:
“Se eu não gosto de jiló, por que é que eu tenho que comer salada de jiló?”
Maria pensou, suspirou, mas continuou fazendo o que as outras faziam.
Até que as ovelhas resolveram pular do alto do Corcovado pra dentro da lagoa. Todas as ovelhas pularam.
Pulava uma ovelha, não caía na lagoa, caía na pedra, quebrava o pé e chorava: mé!
Pulava outra ovelha, não caía na lagoa, caía na pedra e chorava: mé!
E assim quarenta e duas ovelhas pularam, quebraram o pé, chorando mé, mé, mé!
Chegou a vez de Maria pular. Ela deu uma requebrada, entrou num restaurante comeu, uma feijoada.
Agora, mé, Maria vai para onde caminha seu pé.
Sylvia Orthof
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* Animal: Tamanduá-bandeira
Nome científico: Myrmecophaga tridactyla.
Tamanho: cerca de 1,20m
Hábito: Varia de diurno a noturno. A destruição de
seu hábitat, a caça ilegal e os atropelamentos
podem ser um dos principais motivos da
causa da sua extinção.
Alimentação: Come insetos (cupins, formigas e abelhas).
Onde vive: Na América Central: desde o Sul de Belize até a América do Sul, no
Brasil: cerrado, florestas úmidas e savanas.
Curiosidade: não tem dentes e sua boca é uma abertura na ponta do focinho.
(O Globo)

-------------------------------------------------------------------------------------*Borba, o gato

Borba, o gato, e Diogo, o cão, eram muito amigos.
Desde muito pequenos foram criados no mesmo quintal e, assim, foram ficando cada vez mais unidos.

Brincavam de pegador, de amarelinha e de mocinho e bandido.
Essa era a brincadeira de que eles mais gostavam.
Ás vezes, Borba era o mocinho e Diogo o bandido.
Outras vezes, era o contrário.

Vocês já ouviram falar que duas pessoas brigam como cão e gato?
Pois os nossos amigos nunca brigavam, apesar de serem realmente cão e gato.

De vez em quando, Diogo arreliava um pouquinho Borba, cantando:
- Atirei o pau no ga-to-to, mas o ga-to-to não morreu-reu-reu...
Mas o Borba nem ligava e eles continuavam amigos.

Quando chegou a hora de irem para escola, Diogo, que era um cão policial, resolveu estudar na escola da polícia.

Borba foi cantar a mãe:
- Sabe, mamãe? Eu também vou ser policial.
Dona Gata riu:
- Onde é que já se viu gato policial?
- Ora, mamãe, se existe cachorro policial, por que é que não pode haver gato policial?

Dona Gata explicou:
- Meu filho, gatos são gatos, cachorros são cachorros.
Existe gato siamês, gato angorá...existiu até aquele célebre Gato-de-Botas.
Mas gato policial, isso nunca houve.

- Mas, mamãe, só porque nunca houve não quer dizer que não possa aparecer um.
Afinal, é a minha vocação...

Diogo, todos os dias, trazia exercícios para fazer em casa:
- Hoje eu tenho que descobrir quem é que rouba o leite da casa de dona Marocas. Você quer me ajudar?

Borba sempre queria.
Mas, cada vez que ia ajudar seu amigo, arranjava uma boa trapalhada...
Mas o Borba não desistia:
- Sabe, Diogo?
Eu tenho escutado uns barulhos muito estranhos, de noite. Deve ser algum ladrão. Vamos ver se a gente pega?

E os dois saíram, de madrugada, para pegar o ladrão...
Que não era ladrão nenhum, era só o padeiro!

A mãe de Borba já estava zangada:
- Vamos acabar com esses passeios no meio da noite!
Criança precisa dormir bastante!

- Mas, mamãe, todos os gatos andam à noite pelos telhados.
- Isso são os gatos grandes. Você ainda é muito pequeno.
- Ah, mamãe, assim você atrapalha minha carreira!
E Borba continuava a treinar para policial.

E explicava a Diogo:
- Eu preciso reabilitar a raça felina.
Em todas as histórias, os ratos são bonzinhos e os gatos são malvados. Veja os desenhos animados.
Veja Tom e Jerry! É uma injustiça. Eu vou mostrar a todo mundo que os gatos são grandes homens, quer dizer, grandes gatos...

O tempo passou e Diogo recebeu seu diploma. Ganhou uma linda farda e todas as noites fazia a ronda do bairro:
- PRIIIUUUUU! PRIIIUUUUU!...

Borba ainda tinha esperanças de vir a ser um policial e por isso saía sempre com o seu amigo.
Uma noite, quando vinham passando pela casa do seu Godofredo, viram alguma coisa muito suspeita no telhado:

- O que é aquilo? – perguntou Diogo.
- Desta vez juro que é um ladrão.
- Mas eu não sei subir no telhado.
Como é que eu faço?
- Quem não tem cão caça com gato – disse o Borba.
- Deixa que eu vou.

E subiu pela calha como só os gatos sabem fazer.
Aproximou-se do ladrão por trás e ...
- MIAAAUUUUUU!

O ladrão levou tamanho susto que despencou do telhado, caindo bem em cima do Diogo.
O Borba ainda gritou:
- Cuidado, Diogo!
Se ele te pega, faz cachorro-quente!

Mas o ladrão, que era o ladrão de galinhas, estava tão assustado que não conseguiu nem fugir.

- Está preso em nome da lei! – disse Diogo, todo satisfeito, pois era o primeiro ladrão que ele prendia.

Borba vinha descendo do telhado, todo orgulhoso.
Toda a vizinhança aplaudia os dois amigos:
- Agora podemos dormir sossegados!

Diogo levou seu prisioneiro para a delegacia e explicou, direitinho, como é que tinha prendido o ladrão.

O delegado quis logo conhecer o Borba e deu a ele uma condecoração:
- Parabéns, seu Borba!
O senhor daria um grande policial!

Borba piscou para o Diogo.
E foi admitido na corporação, mesmo sem fazer o curso.

Afinal, ele já tinha dado provas de ser um bom policial.
E ganhou o cargo de guarda dos telhados.

E agora, todas as noites, enquanto Diogo vigia as ruas, Borba cuida do seu setor.

A rua deles é a mais bem guardada da cidade.

Pois tem um policial na rua e um no telhado:
Borba, o gato.